Se amar é um ato de coragem, escrever abertamente é um ato de bravura.

☈ick Viajante
Folha em Branco
Published in
2 min readJun 8, 2019

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Eu gostaria de poder dizer que há quem enxergue o amor tal como a ciência diz que é: uma série de reações químicas de cunho puramente biológico. Facilitaria a vida poder usar um filtro que deixe a avaliação limitada ao preto e branco. Sem escalas, de dificuldade ou de cinza.

Mas não dá. Da mesma forma pela qual um médico precisa de atendimento quando fica doente ou um publicitário se rende a um bom marketing, saber o que se passa não muda os impactos. Talvez os desloque, mas ouso dizer, quando muito.

Amar, e agora escrevo como quem sabe que está expondo apenas a própria área de saberes e sabores para que quem por ventura esteja lendo este excerto tão cru e rude encontre algumas intercessões, me parece uma escala infinita de cinzas.

É abraçar os gozos e desgostos, aceitar ser ferido e ferir sem julgar sem um excelente motivo. É entender que está todo mundo nesse mesmo barco no meio da tempestade, corra você para os botes salva-vidas ou para a piscina fazer parte do caos. É, em suma, aceitar a medida final dos pesos, nem sempre racionais, que lhe apertam no peito.

E se amar é esse abraço, escrever, escrever honestamente e sem atalhos, é abrir o peito, escancarar a cabeça. É gritar para que vejam as fibras que formam o seu ser sem temer a navalha ou o calor, o escrutínio ou o valor. É sobre hastear suas bandeiras firmes no solo das convicções ao mesmo tempo em que zarpa para não mais voltar.

Escrever para o mundo ver é sobre ter o coração mole para se permitir e forte o suficiente para se arcar.

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If love is an act of courage, to write for others to see is an act of bravery.