(N)O olho do furacão

☈ick Viajante
Folha em Branco
Published in
1 min readJul 22, 2019

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foto: eu mesmo =]

Eu amo a tempestade. É a pura expressão de forças que não sabemos o quanto compreendemos. O coração dela me atrai, me puxa da forma mais selvagem possível. Eu sinto o vento arredio e violento contra minha pele. Eu ouço o som das árvores, da ventania contra o concreto e o vidro e, por mais que eu não entenda, sinto que há algo me contando um segredo em um idioma há muito esquecido. Eu relaxo meus músculos, antes tesos com a ânsia de comungar com as forças que na tempestade habitam. Eu começo a estar presente, onde outrora era uma criança tomando a tempestade para si em um não-tempo sagrado que me pertenceu em ida época. E meus olhos então se enchem d’água. Não mais na inocência do meu não-tempo; longe das horas arredias em que eu era o único capaz de conversar com essa assombrosa, e tão querida pra mim, expressão de potência; com a cabeça de quem pela primeira vez contempla sem a pretensão de interagir eu percebo, engasgado, que, de certa forma, em outro contexto, a tempestade sou eu.

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If love is an act of courage, to write for others to see is an act of bravery.