Aeroporto

Gabriel Guandalini
Folha em Branco
Published in
2 min readJan 18, 2015

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O aeroporto é um lugar curioso. É a materialização do grande sonho do homem de conquistar os céus e de onde qualquer lugar é alcançável. Entretanto, o que impressiona não é nada disso, mas a riqueza de emoções que se encontra nos seus saguões.

Talvez a insegurança seja a emoção mais frequente. “Vou chegar à tempo? E se der excesso de bagagem?”, entre tantos outros questionamentos que perpassam a mente de cada passageiro ansioso a olhar os painéis eletrônicos repletos de destinos e horários. E, claro, o medo de voar, do avião cair ou simplesmente de embarcar na aeronave errada. Ou o frio na barriga de se pensar que a bagagem possa extraviar.

Depois vem a raiva. Raiva das filas enormes, da demora e da gigantesca burocracia inerente à atividade de ir de um lugar para o outro. Ou da apurrinhação de ter que praticamente se despir para passar pelo detector de metais. E como são irritantes os repetidos chamados no sistema de alto-falante, a voz monótona e mecânica, que nunca nos deixa descansar, anunciando todos os destinos possíveis, mas nunca o desejado.

Existem também muitas emoções positivas. Como é bom ver a alegria daqueles viajando para aproveitar as merecidas férias. Ver o sorriso ao reencontrar alguém há muito tempo não visto. A felicidade na oportunidade de visitar lugares anteriormente inatingíveis. A expectativa de ganhar os céus e ver o mundo lá de cima. A satisfação de concretizar a viagem dos sonhos. E o deleite em encontrar o abraço de alguém querido esperando do lado de fora da área de desembarque.

Entretanto, não há como evitar a tristeza. A dor de ter que dizer adeus aos que amamos e o pesar em se separar de alguém que, até aquele momento, não sabíamos viver sem. Escorrem as lágrimas dos amantes separados e balançam os acenos insistentes dos pais vendo partir os filhos. Ainda bem que sempre existirá a esperança no reencontro, embora, algumas vezes, a desolação tome conta quando sabemos que será a última despedida.

O aeroporto é um lugar curioso. Mas mais curioso somos nós que buscamos tanto ao viajar, quando encontramos ali todas as emoções do mundo à nossa disposição.

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Originalmente publicado no site www.folhaembranco.com.br em 18 de Janeiro, 2015.

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Desde pequeno apaixonado por literatura, abraçou o sonho de se tornar escritor.